segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Homens Comuns, Vidas Extraordinárias: Moisés

"Seguir a Cristo é amar o Reino acima de todas as ofertas do mundo, acima de seus próprios sonhos. Seguir a Cristo define-se por renúncia."

Moisés é um exemplo de vida em muitos aspectos. Exemplo de obediência, de mansidão, de fé. Ouvimos falar sobre como guiou o povo pelo deserto durante 40 anos. Pregadores se debruçam sobre sua vida, extraindo dela lições para crescimento e amadurecimento.

Contudo, o autor aos Hebreus, assim escreveu sobre este homem: 
"Pela fé, Moisés, apenas nascido, foi ocultado por seus pais, durante três meses, porque viram que a criança era formosa; também não ficaram amedrontados pelo decreto do rei. 
Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado; 
porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão." (Hebreus 11:23-26)

Este escritor, inspirado pelo Espírito Santo, revelou-nos uma faceta do caráter de Moisés que muitos não se atentam. Temos sempre a impressão de que Moisés era o mimadinho da corte. Os filmes e desenhos nos passam a ideia de que ele não tinha conhecimento de que era hebreu até ser homem feito. Contudo, não é isso que a Palavra nos ensina.

Moisés recebeu os primeiros ensinos de sua mãe Joquebede, que o amamentou e o "devolveu" à filha de Faraó, que o havia encontrado no Rio Nilo. Creio que a mãe de Moisés, dia após dia, incutia no coração de Moisés o amor ao Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Ao entrar para a "família real", Moisés conhecia bem seu lugar, sabia exatamente de onde havia vindo.

E ele tomou uma decisão. Decidiu-se não se contaminar. Escolheu ser um hebreu na casa de Faraó, e não apenas um menino mimado, neto do rei do Egito. Moisés entendeu, desde cedo, que o Egito não tinha nada para lhe oferecer, mas, pelo contrário, o contaminaria.

E o texto de Hebreus ainda diz que ele preferiu "ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado". Que decisão difícil. Podendo ser o príncipe do Egito, Moisés escolheu dizer ao mundo que não fazia parte daquela corrupção. Abrindo mão de toda titularidade, Moisés renunciou a uma vida de prazeres e luxos para viver a Verdade.

A riqueza do mundo não o atraiu. Os prazeres do Egito não o seduziram. Moisés escolheu ser o que Deus queria que ele fosse, independentemente do preço a ser pago! Ele preferiu o deserto, onde comia o maná diariamente, na dependência do Senhor, do que desfrutar das mesas fartas e contaminadas de Faraó, aonde sua alma e seu espírito morreria sedentos da presença de Deus.

E, ante a sua renúncia, Deus o presenteou. Em Exôdo 33 temos uma das mais belas histórias de como o coração de Deus não resiste ao pedido de um servo, de um filho, de um adorador. Moisés deixou para trás, desde a sua meninice, mesmo quando ainda estava no Egito, uma vida de deleites e prazeres, para viver uma vida de renúncia em favor do propósito do Eterno. E o Eterno, em toda a Sua Bondade e Misericórdia, atendendo ao clamor de Moisés, revelou-se a ele de maneira única e indescritível.

A vida deste homem, cujas escolhas marcaram sua história e definiram seu caráter deve ser para nós um exemplo de decisão e renúncia. À medida que compreendemos, mais e mais, o quanto o mundo não tem nada a nos oferecer, percebemos o quanto precisamos nos achegar a Deus. E Ele se chegará a nós (Tiago 4:8). Deus não pede apenas por pedir. Ele não é um déspota que simplesmente não quer que as pessoas "aproveitem a vida". Deus quer dar a verdadeira vida, através de Cristo Jesus. Ele sempre nos recompensará com o Seu Amor.

Infelizmente a Igreja de Cristo tem perdido este entendimento. Vivemos dias de um Evangelho muito fácil. Ninguém mais fala em renúncia. Nenhum pregador se atreve a subir no altar e ministrar acerca de abandonar tudo aquilo que não agrada o Senhor. As pessoas tem confundido o agir de Deus. Para ir a Deus você pode ir como está, é verdade. Mas, para permanecer na sua presença, é necessário haver mudança. Mudança de caráter, mudando de atitudes. "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me". (Marcos 8:34)

Que o Eterno nos ensine, a cada dia, a cultivarmos o amor pelo Reino, deixando de lado tudo aquilo que não compactua com a sua justiça e verdade. Cristo renunciou à própria vida por amor à humanidade. Estejamos prontos a renunciar nossos sonhos, planos, projetos e, até mesmo, nossa vida, por amor àquele que sempre nos amará.

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Homens Comuns, Vidas Extraordinárias: Jó

"Quando mudamos nosso foco, o Senhor nos presenteia com o desejo do nosso coração."

Houve um homem chamado Jó, cuja vida mereceu um livro inteiro. Seus feitos e sua história não é completa. A Palavra se "limita" a narrar um período muito específico da vida de Jó: seu sofrimento. As inúmeras pregações que já ouvi a respeito deste homem falam sobre sua paciência, seu caráter, e, de vez em quando, sobre seus amigos. Mas há algo interessante que gostaria de abordar aqui: a mudança que se operou em seu espírito.

Os dois primeiros capítulos do Livro de Jó narra sobre sua vida e o início do terror que lhe sobreveio. O capítulo 3 nos trás uma informação muito importante: "Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu; nunca estive tranquilo, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a pertubação" (25,26). Embora justo e íntegro, Jó não era um homem de alma curada. Seu apego aos bens é notório. Sua preocupação, dia e noite, consumi-a-lhe o sossego e a paz. Jamais descansava a alma.

Continuando a leitura, encontramos dos capítulos 4 ao 25 uma verdadeira batalha, travada entre Jó e seus amigos. Discutem sobre Deus e sobre o porquê do sofrimento de Jó. E então, a partir do capítulo 26 até o capítulo 31, Jó fala. Ele não apenas fala, discorre. Sem dar margem a nada nem ninguém, Jó põe sobre a mesa todo o seu vasto (porém, raso) conhecimento de Deus.

E então Deus fala. Através de um redemoinho (Jó 38:1), o Eterno confronta Jó e toda a sua suposta sabedoria. Por quatro capítulos Deus mostra uma pequena fatia de toda a sua magnitude. Jó finalmente tem um encontro pessoal com o Altíssimo, que lhe mudará toda a história. Jó era justo e íntegro, mas o nível de sua intimidade com Deus era muito pequeno. O Encontro com Deus muda-o definitivamente.

No capítulo final, nos deparamos com a seguinte cena: Deus ira-se contra os amigos de Jó, e ordena que eles levem carneiros para serem sacrificados por Jó em favor deles. Neste momento, algo maravilhoso acontece: Jó recebe a incumbência divina, e passa a orar por seus amigos. O foco de Jó mudou. Ele deixou de lado o preocupar-se com os bens que se foram. Não mais se atentou para o seu próprio sofrimento. Calou-se. E quando o Eterno ordenou, orou.

E após orar por seus amigos, Deus aceitou sua oração, não em seu próprio favor, mas em favor dos outros. E só depois disso, Deus mudou a sorte de Jó, restituindo-lhe tudo que havia perdido. Vocês conseguem perceber? A experiência de Jó com Deus gerou uma verdade em seu espírito, trouxe mudança ao seu caráter. Jó esqueceu-se de seu estado. Quando Jó recebeu a missão de orar por seus amigos, ele ainda tinha chagas no corpo; sua mulher ainda devia estar reclamando, e sua riqueza já não existia. Mas aquilo já não preocupava a Jó; seu foco não era mais ele mesmo ou seus bens. Ele aprendeu a seguir a direção do Eterno. Jó aprendeu a ouvir, a calar-se. Quando o Senhor falou, ele prontamente ouviu e atendeu.

Este homem, cuja vida foi acometida por tão grandes males, mas cujo caráter era íntegro e justo, merecendo ser considerando no Rol da Fé de Hebreus, deve nos lembrar que o Eterno é O Eterno. Tudo está sob seu controle, nada escapa aos seus olhos. Nenhum sofrimento dura para sempre. O amanhã de Deus trará novas conquistas. E a cada visita do Pai, devemos aproveitar para sermos mudados à luz de sua Glória, segundo o seu caráter. Mudando o foco de nós mesmos, de nossos problemas e conflitos, e estando mais atentos à voz do Senhor, nossa sorte será mudada e o desejo do nosso coração atendido.

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ouvidos para ouvir

"Estejamos sempre prontos para ouvir: as promessas de bençãos e as palavras de repreensão".

O Rei Salomão, em seu livro de Provérbios, cultivava, sobretudo, a busca pela sabedoria e a disciplina no tempo certo, a ponto de dizer que "mais fundo entra a repreensão no sábio do que cem açoites no insensato" (Pv. 17:10). Assim como a um filho, Deus quer nos ensinar o caminho da sabedoria, mesmo que isso tenha que passar pela disciplina. A questão é que nós nem sempre estamos dispostos a ouvir a repreensão divina.

Muitas vezes nos comportamos como filhos mimados, que se esparramam no chão fazendo birra no meio do supermercado. E não gostamos de ser repreendidos. Hoje, a Igreja de Cristo tornou-se imatura e infantil. Pregações e músicas que afagam o ego são constantemente consideradas como "uma benção". Ninguém aguenta ouvir uma palavra mais dura.

Em João 6, encontramos uma passagem muito interessante. Após a multiplicação dos pães, Jesus retira-se com seus discípulos. Quando chega ao outro lado, aqueles que se alimentaram lá estavam, querendo que Jesus, outra vez, providenciasse alimentos para eles. Vendo isto, Jesus passa a discorrer acerca do verdadeiro "Pão que desceu dos céus", e isto escandaliza muitos daqueles que O ouviam, o que os leva a abandonarem o Senhor. 

Em toda a história da humanidade, percebemos que o ser-humano não gosta de ser repreendido, não gosta de que outro lhe aponte o erro. Normalmente considera aquele que lhe repreende como autoritário e dominador. E, infelizmente, os filhos de Deus tem agido da mesma forma. 

Ao invés de perceberem a bondade e o amor do Pai por detrás de cada palavra de exortação, preferem acreditar que aquelas palavras não vem dEle. Por isso preferem palavras que massageiam o ego e continuam a mantê-las imaturas, do que palavras de disciplina que as farão crescer e amadurecer.

Mas o autor aos Hebreus, nos revela uma dura verdade: "É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos" (Hb 12:7-8). Deus não tem meio termo; Ele não passa a mão na cabeça de ninguém; não esconde os erros de seus filhos, antes, corrige-os com amor. Aquele que não enfrenta a disciplina, bem como aquele que não se submete à correção não pode ser considerado filho, mas um intruso! Isso é o que a Palavra diz! 

Que o Senhor nos ensine a ouvir. Ouvir a Sua Voz em todo o tempo. Sejam palavras de ânimo, sejam palavras de repreensão, estejamos atentos à Sua Voz, pois, somente assim, cresceremos e seremos tudo aquilo que Ele deseja que nós sejamos: filhos sábios, maduros e, sobretudo, disciplinados. Que a cada dia nosso coração se disponha a ser por Ele moldado e ensinado, mesmo que isso custe algumas varadinhas!

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Planos e Sonhos

"Sonhar os sonhos de Deus é a maneira mais segura de realizar projetos."

Deus é o maior sonhador que o universo um dia terá. Deus arquiteta com perfeição, aguarda com ansiedade e vê realizar seus projetos eternos tempo após tempo.
E, como Pai amoroso que é, Deus tem prazer em ver seus filhos realizando sonhos.
O maior problema é quando queremos sonhar sonhos que não estão nos planos do Pai.

No livro de Provérbios, encontramos por diversas vezes a mesma orientação: "O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor" (Pv. 16:1). Há um segredo escondido na Palavra, que nos levará a um caminho de descanso e realizações. E o segredo começa pelo reconhecimento de que "enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jr. 17:9).

Infelizmente, mesmo como filhos do Pai, temos uma grande dificuldade em aprender a abrir mão daquilo que criamos e projetamos, a fim de dar oportunidade aos sonhos do Senhor. Esquecemos-nos que "a vontade do Senhor é boa, perfeita e agradável" (Rm 12:2), e não confiamos o suficiente nas promessas do Pai. Por isso, sempre desejamos dar o nosso jeitinho, fazer nossos planos, nossos próprios projetos.

Costumo dizer que é mais fácil abrir mão da própria vida por amor ao Senhor do que dos sonhos. E essa é uma grande e triste verdade. Ao longo da vida, construímos um verdadeiro castelo de sonhos. Entretanto, nem sempre esses sonhos estão em sintonia com os sonhos do Pai para nós. E aí surgem as frustrações. Mas não deveria ser assim.

Quando compreendemos que o Eterno, antes da fundação do mundo, já sacrificou o Cordeiro, entendemos que o Senhor não pode ser surpreendido ou pego de surpresa. Deus não precisa mudar seus planos eternos porque alguém quis escolher outro caminho. Deus sempre terá o controle absoluto de tudo, simplesmente porque Ele é Deus! Quanto mais nossas vidas não estariam escritas em seu livro?

Sendo filhos, precisamos, desesperadamente, aprender do Pai o segredo para confiar nos planos do Eterno. E mais do que isso. Quanto mais crescemos em comunhão e intimidade, quanto mais treinamos nossa fé, mais próximos do Pai estaremos, mais atentos à voz do Espírito seremos, até chegarmos ao ponto de que os sonhos do Pai serão nossos sonhos, e nós sonharemos sonhos que são nossos, mas, no fundo, são dEle.

Que o Deus Eterno, cujas promessas não falham, cujos projetos foram designados em alguma eternidade, nos ensine a descansar e confiar, a depositar nossa esperança nAquele que tem os melhores sonhos para nós, porque, afinal de contas, ninguém melhor do que Ele para nos fazer alcançar os maiores projetos de nossa vida, pois Ele nos diz: "Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais" (Jr. 29:11).

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Entre o bom e o certo


"O certo, quase sempre, não traz explicações; ele simplesmente é o certo."

Não é fácil escolher. Ainda mais quando a escolha fica entre o que é bom para nossos olhos e o que é certo, segundo o Espírito.
Pensando eu aqui, comigo mesmo, talvez este tenha sido o ponto em que Eva se encontrou antes de pecar: fazer o que me agrada ou escolher o que Ele deseja? Obviamente, ela escolheu agradar seu próprio coração (e olha no que deu).

A vida é cheia de propostas e oportunidades.
Cada sim é um não abafado.
Cada agora é um depois que não teve tempo de se realizar.
Mas, qual é o custo real de nossas escolhas? O preço que pagamos vale a pena o momento? Escolher apenas o que nos parece bom pode ser o início do fim.

O certo, na maioria das vezes, é doloroso. Requer abrir mão do que afaga nosso ego e massageia o eu.
O certo, quase sempre, não traz explicações; ele simplesmente é o certo (e a gente só entende isso lá na frente).
O preço de abandonar tudo (principalmente quando esse "tudo" significa sonhos, desejos, planos - é claro que se são meus não são "tudo", mas, às vezes, no nosso mundinho cor de rosa, isso parece mais do que "tudo") também é alto, mas, diferentemente de quando escolhemos o bom, ao escolher o certo temos uma certeza: estamos gerando um sorriso, não nos nossos lábios, mas nos de quem realmente importa.

Ninguém vale a pena além dEle. Obviamente não estou dizendo de pessoas em sua essência humana - não é nada disso! Se fosse assim Deus nunca teria se tornado criatura para resgatar a humanidade. Quero dizer que nenhuma circunstância, por melhor que pareça ser, vale a pena se Ele não disser que vale.
Deus espera que seus filhos O amem e O obedeçam, não importa o custo que isso venha a ter. 

Que o Senhor nos ensine que nenhuma escolha é imune às consequências, sejam elas boas ou ruins. Mas, quando escolhemos seguir os princípios do Reino, plantamos uma boa semente, e, sem dúvida, colheremos ótimos frutos. O bom sempre será prazeroso aos nossos olhos, mas o certo fará nascer a paz em nosso espírito.

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.


Inspirado no livro 3:16, de Max Lucado - texto parcial retirado do Blog da Rachel=) - simplesmenterachel.blogspot.com

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Por Amor

"Cristo deu-se sem esperar nada em troca, apenas por amor."

Quando, no plano eterno, Deus decidiu criar o homem, havia uma face do seu caráter que sobressaía: o amor. Deus simplesmente amou e por isso deu. Não amou e exigiu. Não amou e pediu algo em troca. Somente amou. E amou e deu.

Tenho experimentado nos últimos dias duas grandes faces de uma mesma verdade. De um lado, começo a perceber que tudo que podemos fazer, devemos fazer simplesmente porque amamos. Amamos o próximo, amamos ser úteis ao Reino, e somente isso. Não dá para esperar que as pessoas ao nosso redor se comportem como nós esperamos que elas façam. Explico melhor.

Certa vez escrevi que pessoas não são quem acreditamos que elas sejam; pessoas são quem elas realmente são. Não há como depositar grandes expectativas. É melhor se surpreender do que se decepcionar. Muitas vezes acreditamos que as pessoas agirão para conosco da mesma forma que nós nos comportaríamos para com elas. E na maioria das vezes nos decepcionamos, porque elas não são quem pensamos que sejam; elas são quem realmente são.

Por isso o amor deve sempre prevalecer. Quando fazemos, devemos fazer como o próprio Deus fez, agir sem esperar nada em troca. Porque o amor não é mesquinho; e não sei porque as pessoas insistem em "negociar" com Deus. Fazem tudo esperando em troca receber algo. Como se Deus fosse apenas uma máquina de refrigerantes celestes! Relacionamento com Deus é relacionamento, não visita inconveniente!

Mas não apenas isso. Tenho aprendido nos últimos dias o quanto muitas vezes teremos que nos doar quando queríamos receber. Às vezes, quando acreditamos que precisamos de um ombro amigo, aquele amigo é quem estará precisando de nós. E como nessas horas encontramos forças para oferecermos o nosso melhor, mesmo que não estejamos no nosso melhor dia. E tudo isso será por amor.

O amor é sublime. O amor não é limitado a nossas próprias necessidades. O amor requer doação. O amor não é sentimento, o amor é atitude! É mais do que simplesmente sentir, estar. É fazer, é agir, é ir até onde o necessitado se encontra. E voltamos novamente a II Coríntios 13:13: "Agora, pois, permanecem estes três: a fé, a esperança e o amor. Mas o maior destes é o amor.". A fé e a esperança um dia não serão mais necessárias, porque veremos o Pai como Ele é, e assim como Cristo é, nós o seremos. Mas o amor permanecerá, porque seremos amados e amaremos eternamente.

Minha petição hoje é a mesma do Apóstolo Paulo: "Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e assim, habite Cristo em vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus." (Ef 3:14-19).

Graça e paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.


domingo, 16 de janeiro de 2011

A Esperança

"A esperança em Cristo Jesus é o que nos dá a certeza de que podemos fazer nossa alma descansar."

Talvez seja algo que ligue o maior número de pessoas nesta terra. Algo que não precisa ser definido ou conceituado. Algo que é querido e vivido por todos. Esperança. Esperança de um dia melhor. Esperança em meio ao desastre. Esperança de viver.

Para aqueles que não partilham da fé no Nome de Jesus, a Esperança é um desejo ardente de que algo aconteça. E no fundo, é a fé em um milagre, em uma intervenção divina. Aquele que tem esperança julga-se mais forte, mais sonhador, mais vivo.

Mas a Esperança, para nós, os salvos, não se limita. Nossa Esperança é traduzida em expectativa não apenas pelas coisas deste mundo, mas, principalmente, por aqueles que ainda estão por vir. Afinal de contas, se nossa esperança se limita às coisas desta terra, somos os mais miseráveis dos homens (I Co 15:19). O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, definiu três grandes pilares: a fé, a esperança e o amor (I Co 13:13). E não apenas isso, o próprio Jesus é a nossa Esperança (Cl 1:27).

Imagine uma tempestade: ondas revoltas, relâmpagos e trovões; o perigo é iminente. E um pequeno instrumento, cujo peso representa uma pequena fração do peso do navio, é a esperança de todos aqueles que ali estão. Jogada ao mar, a âncora atinge a profundeza do oceano, onde não há vento, não há raios, não há medo. Somente tranquilidade e bonança. Toda a esperança de uma tripulação é depositada em um objeto que vai até o mais profundo onde não há perigo.

Assim é a Esperança. O autor aos Hebreus a definiu como "âncora da nossa alma" (Hb 6:19). Em meio as tribulações da vida, quando o olho do furacão está sobre nós, quando o mar parece nos submergir. A Esperança, Cristo Jesus, é o que nos garante segurança. Porque ela é depositada no mais profundo do nosso ser, em um lugar que nos garantirá chegar ao nosso destino em segurança.

Na Esperança temos o descanso para nossa alma. O descanso que sobre as ondas muitas vezes não temos, mas que sob a tempestade do mar encontra um lugar para nos dar conforto. Quando alcançamos a Esperança em Cristo Jesus como ponto máximo do nosso viver, conseguimos encontrar um lugar seguro onde faremos nossa alma descansar segura dos temores e das pressões do dia-a-dia.

Que o Senhor nos ensine a cada dia a cultivar esta Esperança no mais profundo do nosso ser. Naquele lugar inatingível, onde nada nem ninguém, além do Senhor, pode entrar. Lá encontraremos um lugar para fazer descansar e sossegar a nossa alma, assim como o salmista Davi pode falar: "Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo." (Sl. 131:2).

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O homem de quem Deus decidiu não se separar

"Andar com Deus é estar disposto a ser somente dEle."

Houve um homem que foi definido por uma única característica: ele andou com Deus.
Em toda a Bíblia só há cinco versículos sobre sua vida (Gn 5: 21-24 e Hb 11:5), mas sua história ultrapassou os limites do entendimento.
Seu nome era Enoque, filho de Jerede, pai de Matusalém. Dele somente sabemos a genealogia e seu estilo de vida.

Um dia, aos 365 anos de idade, Enoque foi visto pela última vez, e nunca mais. A Palavra diz que "andou Enoque com Deus e já não era, porquanto Deus o tomou para si".
Não sabemos o que ele fez, quem ele era, como agia. Mas sabemos que seu andar agradou tanto o coração do Pai, que Deus, em sua infinitude, decidiu tê-lo para si.

O autor aos Hebreus nos dá uma dica: antes de ser tomado, "obteve testemunho de haver agradado a Deus". Um homem de quem pouco se diz mas de quem muito se aprende. 
Não acredito que hoje aconteceria o mesmo, até porque, em toda a história, apenas dois homens não viram a morte (Enoque e Elias), porque Deus, com certeza, tinha planos específicos (Ap 11:3). Mas podemos tirar lições de sua vida.

Infelizmente, nos dias de hoje, a Igreja tem se corrompido. São como os fariseus da época de Cristo, que guardavam apenas letras mortas, mas seus corações estavam distantes do Senhor. Inevitavelmente vemos a cada dia crescer os absurdos da fé, em nome de um evangelho que insistem em chamá-lo de O Evangelho de Cristo.

Andar com Deus exige dedicação. Como eu disse, é estar disposto a ser somente dEle. Deus não divide Sua Glória com mais ninguém. Ser dEle é não ser de nenhum outro. O Pai procura por filhos e não aceita dividir a paternidade. É chegado um tempo em que teremos que tomar duras decisões. Andar com Deus, seguir a Cristo requererá uma renúncia muito maior do que vemos hoje. Um tempo em que será necessário confrontar líderes religiosos que estão dentro das próprias igrejas e infringir leis erigidas por homens cujo coração estão sob o controle do maligno.

Andar com Deus é preferir seus princípios e suas verdades, mesmo que tenhamos que enfrentar as consequências. Enoque não pensou nos filhos ou na esposa. Enoque não se preocupou com a vinha ou com a lavoura. Quando Deus o tomou para si ele não questionou se era aquele o melhor momento. Ele simplesmente continuou andando com Deus. Creio que Enoque chegou a um ponto na intimidade que Deus já não poderia permitir que ele voltasse à sua vida na terra. Seus olhos viram tamanha magnitude que Deus não permitiu que voltasse a ver corrupção.

Que a história deste homem, definido apenas como "o homem que andou com Deus", seja para nós um grande exemplo. Que compreendamos que andar com Deus exige renúncia e dedicação exclusiva. Que nosso coração esteja sempre disposto a ser somente dEle e não se permita corromper pelos caminhos dos fariseus.

Graça e Paz vos sejam multiplicados em Cristo Jesus.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Virtude dos Filhos: Sê Bom

"Ao fazer o bem ao próximo estamos fazendo o bem a nós mesmos."

Um dos maiores atributos de Deus exaltado na Palavra é a bondade. É dito "Deus é bom" ou "a bondade do Senhor" por diversas vezes. A bondade define o caráter do Eterno. E não poderia ser diferente com os filhos.

Tenho descoberto o quanto fazer o que é bom ao próximo faz bem a alma. Ajudar o idoso, orientar o turista, segurar a mão da criança. Pequenos gestos que fazem a diferença e moldam em nosso interior uma realidade: fazer o bem é se fazer bem.

Gosto de dizer que a bondade é egoísta. Não é fazer o bem para se sentir bem, para ser visto ou reconhecido. É fazer o bem por fazer, porque a bondade está impregnada em seu caráter. Ao praticar a bondade é inevitável a sensação de bem-estar, o sentimento de dever cumprido.

No livro de Provérbios encontramos o seguinte versículo: "O homem bondoso faz bem a sua própria alma" (Pv. 11:17, a). Quão grandiosa verdade! Não é a toa que Cristo disse que é melhor dar do que receber. Dar, dar-se ao próximo faz mais bem ao que dá do que ao que recebe. Quem recebe é grato, quem dá se sente completo.

Precisamos aprender a ser bom pelo simples fato de que Deus é bom e que devemos imitá-lo. Ser bom é ser para o outro tudo aquilo que gostaríamos que o outro fosse para nós. Não é fazer para ser perante os outros, é para simplesmente ser bom perante os olhos do Pai. E, no fundo, os maiores beneficiados seremos nós mesmos. Por isso gosto de dizer que ser bom, no fundo, é ser egoísta.

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Palavras, atos, hábitos

"Gestos dizem mais do que palavras, hábitos falam mais alto do que atos."

Sempre se diz que "um gesto fala mais alto do que mil palavras". Verdade. Verdade? Verdade incompleta. É verdade que atitudes inesperadas, gestos de bondade e amor, muitas vezes tocam mais profundo, expressam com mais exatidão sentimentos do que apenas palavras, muitas vezes simplesmente jogadas ao vento.

Mas acabei descobrindo que algo fala mais do que atos, gestos: os hábitos. A Palavra de Deus sempre nos incentiva a buscar qualidades e virtudes para fazê-las crescer em nosso caráter, incorporando-as ao nosso proceder de modo que sejamos por elas definidos.

Tenho percebido que, infelizmente, as pessoas, sobretudo aqueles que se dizem "crentes" acabam comportando-se de maneira hipócrita. Muitos apenas vivem de palavras; falam que são, que fazem, que tem, mas, no fundo, são como a palha, não servem para muita coisa. Outros, não ficam apenas nas palavras; de vez em quando, resolvem agir, fazer boas ações, praticar obras de caridade. Infelizmente, na maioria das vezes esses atos são apenas para se mostrar "bom", "caridoso", "amável", fazer-se reconhecido perante os homens. E apenas perante os homens.

Mas existe algo mais profundo. Pessoas que são definidas pelo que são, e não pelo que fazem ou dizem. Filhos que se espelham no Pai Celeste e permitem-se ser submetido a um tratamento divino de choque até que o caráter de Cristo seja impregnado em seu caráter. Hábitos, atitudes constantes, definem uma pessoa. Não é o muito falar ou o pouco agir. Não são as palavras bonitas ditas para impressionar ou os atos de boa vontade praticados à luz do dia a fim de receber reconhecimento. Apenas hábitos definem uma pessoa.

O objetivo do Pai é que seus filhos compreendam que "seguir a Cristo" não envolve apenas falatório ou boas obras. Não é o fato de ir para a igreja todo domingo ou dar o dízimo todo mês. Não é falar "eu sou crente". Não é participar de campanhas. Nada disso importará se o caráter de Cristo não for impregnado no caráter do filho. Cristo vem buscar uma noiva pura, santa, imaculada, e, sobretudo, verdadeira. Que vive a Verdade, que se define como "luz do mundo e sal da terra". Cristo não vem buscar atores que encenam vida cristã. O Noivo vem resgatar uma noiva madura, compremetida com a Verdade e com a Justiça.

Que o Espírito Santo de Deus faça nascer em nosso coração um desejo profundo por ser transformado à luz da Palavra, para que o caráter e a beleza de Cristo seja vista em cada um de nós, filhos do Pai, e que vivamos não apenas de belas palavras ou de boas obras, mas que sejamos tudo aquilo que o Pai deseja para nós.

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Virtude dos Filhos: Sê Paciente

"Deus jamais se esquece das suas promessas."

A Palavra nos exorta a buscarmos várias virtudes; características dos verdadeiros seguidores do Caminho.
A segunda que desejo destacar é: Sê Paciente.

A Palavra nos apresenta a paciência como grande atributo da personalidade. Por várias vezes, encontramos referências à paciência de Deus (Is. 48:9; Nm 14:18; Rm 9:22; Rm 15:5), à paciência como virtude do justo (Pv 15:18; 16:32; 19:11; Ec 7:8), e ainda como virtude a ser praticada pelo cristão (Rm 5:4; II Pe 1:6.; Rm 8:5; Tg 1:3,4; 5:7,10). Mas, o que eu mais gosto, é como a Palavra por vezes parece redundante ao dizer que devemos "esperar com paciência" (Sl 37:7; 40:1; Is 38:13; Hb 6:15).

Há um segredo na paciência. Ela exige prática e concentração. Não é fácil esperar. Não é típico do ser humano submeter-se ao tempo sem ter, precisamente, a duração da espera. Mas Deus deseja que seus filhos saibam esperar; e não apenas esperar, mas descansar.

Ora, se já esperamos, não seria preciso falar em esperar com paciência. Ou seria? O "esperar com paciência" diz da disposição de descansar, confiando na bondade e no amor do Pai. Há quem espere impacientemente. Reclama, tenta dar seus jeitinhos, vive contando minuciosamente dias e minutos como se o Eterno estivesse atrasado. Embora esteja esperando algo acontecer, não está realmente esperando em Deus, descansando na sua promessa e sendo paciente.

A paciência é virtude de nobres. Aqueles que alcançam a excelência da paciência sabem que Deus não falha, não chega atrasado, não erra de porta ou de calendário. O filho que aprende a paciência aprende a fazer sua alma descansar, sabe fazer a sua alma acalmar-se à espera da realização das promessas do Pai.

Precisamos, desesperadamente, aprender a paciência, pois, somente assim, aguardaremos, confiantes, as promessas do Pai para nossas vidas.
Que o Senhor nos ensine e nos molde à luz do Seu caráter, incutindo em nós a maravilhosa virtude da paciência.

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Virtude dos Filhos: Sê Sábio

"É demonstração de Sabedoria aprender a falar o necessário e a quem se deve."

Talvez tenha havido um concurso nos Céus para dar nome ao livro de Provérbios. Obviamente, o nome "Provérbios de Salomão" ganhou, mas talvez o segundo lugar tenha sido "O Livro da Sabedoria".
A Palavra nos orienta a buscarmos várias qualidades. A primeira que desejo destacar é: Sê sábio.

É certo que já se chegou à conclusão de que inteligência e sabedoria são coisas diferentes entre si. Inteligência é característica da mente, do intelecto. É capacidade adquirida pelo treino. Pode ser emocional, social, intelectual, mas tudo é inteligência.
Sabedoria não. Ela não está à disposição em livros. Não se adquire frequentando cursos de graduação. Sabedoria é dádiva divina. Encontramos a sabedoria não na mente, mas no coração.

Ser sábio. Não é ser letrado. Não é ter uma profissão que exige vasto conhecimento. Não é poder fazer cálculos aritméticos avançados. Ser sábio é saber viver a vida com ponderação. É saber pensar antes de falar. É falar sempre que necessário mas apenas o necessário. É saber não desperdiçar o tempo, seu próprio e o alheio. É saber investir nas pessoas e não apenas nas coisas. É saber valorizar a vida antes dos bens. Ser sábio é reconhecer que apenas a mente perfeita do Criador seria capaz de criar tantas belezas preocupando-se com o bem-estar do ser humano.

Mas a Palavra de Deus vai além. Em várias passagens, o apóstolo Paulo nos ensina que a "sabedoria dos homens é loucura diante de Deus". A sabedoria que vem do alto vai além de regras de boa vizinhança. A sabedoria do alto nos impulsiona a conhecer os mistérios e segredos da Palavra do Eterno. É desejo do Senhor que não apenas aprendamos a dominar a língua, a viver com mansidão e singeleza, a valorizar as pessoas e investir tempo naquilo que é bom. É desejo do Senhor que aprendamos a amar o Reino, a servir como Cristo serviu, a andar em santificação diante dEle.

A sabedoria do alto nos ensina que tudo aquilo que é importante para o mundo não significa nada diante da grandeza do Senhor. E ainda tem mais, Salomão, por diversas vezes, disse que "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria"; logo, é possível afirmar que é sábio, verdadeiramente sábio, aquele que teme o Senhor, que honra o Deus da nossa Salvação.

Que as lições de Tiago sejam nossa grande aprendizagem: "Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida" (Tiago 1:5); Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. (Tiago 3:17). Que o Senhor nos ensine a andar pelo Caminho, submissos à Palavra, atentos às orientações do Espírito Santo, crescendo na graça e na sabedoria do Senhor.

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus, e sabedoria do alto seja derramado sobre vós.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Princípios do Gênesis - Parte IV

"O Senhor se atenta muito mais ao nosso coração do que à oferta de nossas mãos."

Caim e Abel. Irmãos. Um lavrador, outro pecuarista. Duas ofertas. Um assassino, outro vítima.
Há um grande princípio na narrativa do primeiro homicídio da história da humanidade. Uma verdade escondida que muitos costumam passar por cima.
Quarto Princípio: Deus sonda corações.

Era um dia comum. Tarefas já há muito conhecidas pelos dois irmãos. Um saía à lavoura para cuidar, regar e colher frutas, hortaliças, verduras. Tudo que a terra produzia estava ao seu alcance. Sua colheita devia ser farta.
O outro irmão, mais achegado aos animais, cuidava de seu rebanho. Ovelhas e carneiros eram seus preferidos. Era necessário guiá-los aos pastos e aos ribeiros de águas. Dele dependiam sempre.

Um dia, ambos decidiram honrar a Deus com ofertas. Caim deu do que tinha: do fruto da terra levou ao Senhor uma oferenda. E do mesmo modo procedeu Abel: do mais viçoso de seus animais levantou uma oferta ao Senhor Deus.
A partir daí, há um divisor de águas. Deus atentou para Abel e a sua oferta, mas para Caim e sua oferta Deus não se atentou.
Perceberam? Há um erro muito comum em acreditar que Deus rejeitou a oferta de Caim, quando, na verdade, Deus rejeitou o coração de Caim.

Não foi porque Abel deu ovelha e Caim deu verduras que Deus gostou mais de um do que de outro. Não eram as profissões. Não foram as ofertas. Não foi a quantidade ou a qualidade. 
Deus viu o coração. A intenção. O proceder diante dele. 
A grande verdade, o Princípio dos Céus embutido nesta triste história é que Deus não vê como o homem vê, Deus vê o coração. Reais intenções. Desejos secretos. Ambições escondidas. Não é o que damos, mas como damos. Não é o valor ou a quantidade. Não é orar nas praças, descair o semblante ao jejuar, não é dar esmolas. Cristo nos advertiu que tudo isso é buscar recompensa apenas perante os homens. Deus vê o coração. O Eterno sonda a alma e o espírito, em busca da verdadeira motivação.

Deus procura corações que O busquem por amor. Amor não aos bens, não ao que Ele pode dar. Deus deseja filhos que o amem simplesmente por amar. Porque entendem, em seu espírito, que Ele é Vida, somente nEle há esperança. Filhos que o amem por tudo que Ele é, não apenas por aquilo que Ele faz.
Não é porque levamos gordas ofertas, não é porque realizamos "grandes obras", não é porque somos bonzinhos o ano todo que Ele se atentará para nossa oferta. Ele se voltará para um coração sincero diante dEle, um espírito contrito, uma alma apaixonada. Ele busca por filhos que ofertem suas vidas antes de ofertarem seu tempo ou dinheiro. 

Que aprendamos a oferecer ao Senhor mais do que nosso dinheiro, nosso tempo na igreja, nossas boas obras. Antes de tudo, antes de mais nada, ofertemos nossos corações contritos, nosso espírito quebrantado, nossa alma sedenta da Sua presença. Que sejamos íntegros e justos diante dEle, e não apenas aos olhos dos homens. Assim, alcançaremos, confiantes, a graça diante dos olhos do Pai.

Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.