"Quando mudamos nosso foco, o Senhor nos presenteia com o desejo do nosso coração."
Houve um homem chamado Jó, cuja vida mereceu um livro inteiro. Seus feitos e sua história não é completa. A Palavra se "limita" a narrar um período muito específico da vida de Jó: seu sofrimento. As inúmeras pregações que já ouvi a respeito deste homem falam sobre sua paciência, seu caráter, e, de vez em quando, sobre seus amigos. Mas há algo interessante que gostaria de abordar aqui: a mudança que se operou em seu espírito.
Os dois primeiros capítulos do Livro de Jó narra sobre sua vida e o início do terror que lhe sobreveio. O capítulo 3 nos trás uma informação muito importante: "Porque aquilo que temia me sobreveio; e o que receava me aconteceu; nunca estive tranquilo, nem sosseguei, nem repousei, mas veio sobre mim a pertubação" (25,26). Embora justo e íntegro, Jó não era um homem de alma curada. Seu apego aos bens é notório. Sua preocupação, dia e noite, consumi-a-lhe o sossego e a paz. Jamais descansava a alma.
Continuando a leitura, encontramos dos capítulos 4 ao 25 uma verdadeira batalha, travada entre Jó e seus amigos. Discutem sobre Deus e sobre o porquê do sofrimento de Jó. E então, a partir do capítulo 26 até o capítulo 31, Jó fala. Ele não apenas fala, discorre. Sem dar margem a nada nem ninguém, Jó põe sobre a mesa todo o seu vasto (porém, raso) conhecimento de Deus.
E então Deus fala. Através de um redemoinho (Jó 38:1), o Eterno confronta Jó e toda a sua suposta sabedoria. Por quatro capítulos Deus mostra uma pequena fatia de toda a sua magnitude. Jó finalmente tem um encontro pessoal com o Altíssimo, que lhe mudará toda a história. Jó era justo e íntegro, mas o nível de sua intimidade com Deus era muito pequeno. O Encontro com Deus muda-o definitivamente.
No capítulo final, nos deparamos com a seguinte cena: Deus ira-se contra os amigos de Jó, e ordena que eles levem carneiros para serem sacrificados por Jó em favor deles. Neste momento, algo maravilhoso acontece: Jó recebe a incumbência divina, e passa a orar por seus amigos. O foco de Jó mudou. Ele deixou de lado o preocupar-se com os bens que se foram. Não mais se atentou para o seu próprio sofrimento. Calou-se. E quando o Eterno ordenou, orou.
E após orar por seus amigos, Deus aceitou sua oração, não em seu próprio favor, mas em favor dos outros. E só depois disso, Deus mudou a sorte de Jó, restituindo-lhe tudo que havia perdido. Vocês conseguem perceber? A experiência de Jó com Deus gerou uma verdade em seu espírito, trouxe mudança ao seu caráter. Jó esqueceu-se de seu estado. Quando Jó recebeu a missão de orar por seus amigos, ele ainda tinha chagas no corpo; sua mulher ainda devia estar reclamando, e sua riqueza já não existia. Mas aquilo já não preocupava a Jó; seu foco não era mais ele mesmo ou seus bens. Ele aprendeu a seguir a direção do Eterno. Jó aprendeu a ouvir, a calar-se. Quando o Senhor falou, ele prontamente ouviu e atendeu.
Este homem, cuja vida foi acometida por tão grandes males, mas cujo caráter era íntegro e justo, merecendo ser considerando no Rol da Fé de Hebreus, deve nos lembrar que o Eterno é O Eterno. Tudo está sob seu controle, nada escapa aos seus olhos. Nenhum sofrimento dura para sempre. O amanhã de Deus trará novas conquistas. E a cada visita do Pai, devemos aproveitar para sermos mudados à luz de sua Glória, segundo o seu caráter. Mudando o foco de nós mesmos, de nossos problemas e conflitos, e estando mais atentos à voz do Senhor, nossa sorte será mudada e o desejo do nosso coração atendido.
Graça e Paz vos sejam multiplicadas em Cristo Jesus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário